segunda-feira, 4 de abril de 2016

Um dia perfeito para casar


Um dia perfeito para casar

Julia Strachey


Uma série que gosto muito é Downton Abbey, um dia procurando na internet pelos Dvds desta série, a loja que explorava me indicou o livro Um dia perfeito para casar, que confesso o título não iria me atrair, e tinha aquelas frases que me deixa desconfiada era algo mais ou menos assim: “se você gostou de Downton Abbey vai amar Um dia perfeito para casar”, todavia havia mais e isto sim chamou a minha atenção: “surpreendentemente bom – completo, sagaz e original” Virgínia Woolf. Depois disso decidi que seria bom dar uma chance.

“Era o dia do casamento de Dolly com o honrável Owen Bigham, diplomata e pretendente bastante adequado para a jovem britânica de classe média. O céu estava limpo, ainda que ventasse muito no local. O jardim florescia e os convidados chegavam aos poucos. As circunstâncias eram as ideais para a realização da cerimônia. O único porém era o fato de a noiva estar em dúvida quanto a com quem gostaria de se casar.” 

A história inteira se passa no dia do casamento de Dolly, enquanto convidados chegam a sua casa para o casamento a noiva permanece em seu quarto, se arrumando ou simplesmente com uma desculpa para não ver as pessoas. Dentre os convidados está Joseph, amigo da família e paixão secreta de Dolly, em quem Dolly pensava em sua crise de dúvida com relação ao casamento desejando que Joseph tivesse uma reação e impedisse o casamento, enquanto ele igualmente afligia-se em pensamentos no mesmo sentido. Aparte conhecemos a mãe da noiva a Sra. Tatcham, um tanto incoerente em suas ações e deixa claro que não gosta de Joseph, e entre as conversas dos convidados vamos desconfiando de coisas nas entrelinhas, claro, nunca dito diretamente.

Em Um dia perfeito para casar vemos um retrato crítico da sociedade britânica, seus protocolos sociais, seus sentimentos nunca claramente expostos, além de conflitos existenciais, escrito com uma sutileza e elegância da época sem deixar de ser afinal mordaz, tudo isso em uma narrativa curta, que concordo com Virginia Woolf, surpreendentemente boa.

Por acaso descobri que existe uma adaptação cinematográfica. Muito boa, que mantém a essência dos personagens. Imagino ser uma grande dificuldade para colocar em um filme a sutileza do que está nas entrelinhas, porém como assisti ao filme após a leitura pude apreciar melhor (penso eu) os olhares, leves insinuações aqui e ali, mas o filme suprime essa dificuldade com flashbacks, se bem que isso acaba confirmando coisas que no livro apenas dá para se especular. O final do filme é ligeiramente diferente, não consegui entender bem o motivo para isso. Recomendo tanto o livro quanto ao filme, e acho até que o livro merece mais de uma leitura próximas uma da outra.
Filme dirigido por Donald Rice, em seu primeiro longa metragem, tendo no elenco Felicity Jones, Elizabeth McGovern e Luke Treadaway.










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